13/07/2017

A TRATOLIXO quer optimizar a unidade de Tratamento Mecânico de Trajouce, em São Domingos de Rana, Cascais, substituindo a triagem manual complementar  por uma triagem mecanizada, de forma a atingir os 12 a 13 por cento de recicláveis recuperados. Este investimento na unidade mais antiga de Portugal, que será na ordem dos 20 milhões, implicará duas linhas com capacidade para 300 mil toneladas. 
“É um investimento que só pode ser realizado com comparticipação de fundos comunitários do PO SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos) ”, garante o presidente do Conselho de Administração da Tratolixo. 
João Dias Coelho lembra que a unidade é fundamental para recuperar os materiais recicláveis e atingir as metas. A recolha selectiva neste sistema só representa 10 por cento. “Retirar o TM da equação é não ter a noção do que foi a estratégia até agora desenhada”, alerta, lembrando que é fundamental que a rentabilidade da venda dos materiais contribua para a sustentabilidade dos sistemas, premissa que, na sua óptica, foi abalada com os valores de contrapartida financeira previstos nas novas licenças. 
Das 700 toneladas de resíduos que passam diariamente pela unidade de Trajouce metade, 350 toneladas, são resíduos orgânicos encaminhados para a CDA da Abrunheira para valorização orgânica e energética.

O PROBLEMA DE UMA FRAÇÃO CHAMADA RESTO

Para João Dias Coelho, a solução para os rejeitados, fracção resto, não se pode limitar a duas unidades a nível nacional Valorsul e Lipor até porque isso levantaria alguns problemas ao nível dos transportes. 
A Tratolixo já envia parte dos rejeitados para valorização energética, já que não tem capacidade para fazer tratamento integral do que diz respeito aos quatro municípios da sua área de abrangência “Temos grandes volumes de fracção resto. Há uns anos fizemos um CDR [Combustível Derivado de Resíduos] premium. Para quê? Temos que evitar os erros do passado”. 
Para desenhar novas soluções é preciso, desde logo, alterações legislativas para evitar longos períodos de licenciamento de incineração ou co-incineração. Por outro lado, há a possibilidade de fazer um mix com a biomassa “Talvez se conseguisse uma valorização energética que não fosse tão complexa e assustadora”, sugere João Dias Coelho, lembrando que a Tratolixo apresentou um pedido para se assumir como operadora de valorização de resíduos, nomeadamente da fracção resto, cuja resposta aguarda desde 2014.

Fonte Água & Ambiente Julho 2017