Apesar da sua área de actuação se restringir a estes quatro Municípios, é um dos maiores Sistemas de Gestão de Resíduos do país em termos de população servida e tonelagem de resíduos tratados.
Conta com mais de 25 anos de experiência no tratamento e valorização de resíduos, durante os quais aprendeu a valorizar cada vez mais e melhor os resíduos recebidos dos seus municípios, dispondo de várias infra-estruturas especializadas e dedicadas ao tratamento dos mesmos que se distribuem pelo Ecoparque de Trajouce (Cascais), Ecoparque da Abrunheira (Mafra) e Ecocentro da Ericeira (Mafra).
Enquanto empresa certificada segundo a norma de Qualidade (NP EN ISO 9001:2008), Segurança (OHSAS 18001 / NP 4397:2008 ) e Ambiente (NP EN ISO 14001:2004 ), esta última desde 2013 para a nova Central de Digestão Anaeróbia (CDA) da Abrunheira, tem o dever e a obrigação de se manter atenta aos impactes que pode causar em matéria de ambiente, revelando-se durante este ano a problemática dos odores no Ecoparque da Abrunheira, como prioritária.
Neste sentido criou-se uma rotina de controlo diário, que visa verificar a existência ou não de odor nas zonas limítrofes deste Ecoparque, medições estas, que se efectuam diariamente, desde Julho de 2014 no que permitem retirar algumas ilações relativamente às zonas de detecção/intensidade de odor, que estão fortemente relacionadas com as condições meteorológicas registadas:

- Em dias de humidade elevada e registo de pluviosidade, os odores são sentidos com maior intensidade na zona de acesso e dentro do Ecoparque da Abrunheira;
- Em dias secos, regista-se uma predominância dos ventos de Norte, pelo que os odores são sentidos com maior intensidade na zona da A21.

Surgiram algumas reclamações de odores a partir de Maio de 2014, o que coincidiu com o inicio de funcionamento da ETAL, pelo que a TRATOLIXO direccionou a sua atenção para esta nova unidade que efectua o tratamento das águas residuais industriais (fase líquida) e dos efluentes gasosos produzidos no decorrer do seu tratamento (fase gasosa), não desvalorizando outras eventuais contribuições, pois existem focos de odores que não têm origem nas instalações afectas à TRATOLIXO EIM., SA.


1. Fase Líquida
A ETAL da Abrunheira foi projectada para o tratamento de águas residuais com elevada carga poluente, o que exige um sistema de tratamento complexo e inovador, com recorrência a tecnologias de última geração que permitem o tratamento eficaz dos efluentes de modo a garantir níveis de qualidade que possibilitem a sua reutilização integral no circuito industrial.
O processo de tratamento da ETAL está organizado em 3 fases de tratamento distintas.

Tratamento Primário: é composto por um processo de remoção de sólidos grosseiros, através dos seguintes processos:

  • Gradagem Manual de Sólidos;
  • Tamisação - Separação mecânica de sólidos;
  • Homogeneização e Equalização – estabilização de caudais afluentes a ETAL.

Tratamento Secundário: é constituído pelo tratamento biológico e pela ultrafiltração (MBR) que irá permitir a diminuição da carga de nutrientes e estabilização das substâncias biodegradáveis presentes no efluente a uma dimensão inferior a 0,1 mícron, equivalente ao tamanho de bactérias e vírus, garantindo um efluente isento de microrganismos patogénicos, como apresentado no boletim:

  • Etapa Anóxica – Desnitrificação (nitrato passa a azoto gasoso);
  • Etapa Aeróbia – Nitrificação (remoção de matéria orgânica e azoto);
  • MBR – Membrana de micro filtração.

As reacções de eliminação de matéria orgânica e azoto são bastante exotérmicas, o que provoca um aumento de temperatura no reactor aeróbio. Os microrganismos responsáveis por estas reacções bioquímicas vivem num intervalo determinado de temperatura, tornando-se inactivos se a temperatura exceder determinados valores.

Para evitar estes problemas, o lixiviado é arrefecido num permutador de calor ao entrar em contacto com uma corrente de água fria procedente da torre de refrigeração. Na torre de refrigeração é injectado biocida para evitar o aparecimento de legionella. De forma a garantir que a água de arrefecimento está isenta desta bactéria, é efectuado um controlo trimestral (ver análise e resultados no respectivo Boletim Analítico).
 

Tratamento terciário: é a etapa onde é efectuada a afinação, através de um processo de microfiltração (OSMOSE INVERSA) do efluente de forma a que o mesmo possa ser reutilizado internamente no processo produtivo e em lavagens, retirando-lhe todos os sais minerais e metais que a mesma ainda possa conter, transformando- a assim numa água desmineralizada.

Durante as várias fases de tratamento a carga poluente do efluente vai diminuindo significativamente, com percentagens de remoção de carga orgânica/inerte.

 

  Entrada da ETAL

Saída Etapa de Biológico

Saída Etapa de MBR Etapa Osmose Inversa
CQO mg/l 12000 5000 800 <16
CB05 mg/l 5220 1100 394 5
SST mg/l 7200 9698 0.9 0
Azoto Total mg/l 2839 1300 283 211

 

2. Fase Gasosa
O tratamento dos efluentes gasosos produzidos na ETAL da Abrunheira garante o encaminhamento de todo o ar contaminado, com moléculas odoríferas, nas diferentes etapas de tratamento (obra de entrada, bacias de equalização, fase anóxica e desidratação de lamas) a um Sistema de Desodorização. Este sistema garante que todo o ar recolhido passa num leito de carvão activado, que funciona como adsorvente dos seus contaminantes antes da sua libertação para a atmosfera.
Esta técnica de tratamento de ar tem revelado algumas deficiências de funcionamento, estando a ser alvo de melhorias continuas, de forma a minimizar ou eliminar o impacte associado à emissão de odores. Simultaneamente estão a decorrer estudos de monitorização e de dispersão de odores que irão permitir maximizar a eficácia das medidas adoptadas/a adoptar.